Levantamento feito pelo Fundo das Nações Unidas para a infância (Unicef), com dados do programa da ONU para desenvolvimento (PNUD), indica que, no ano passado, o número de homicídios de crianças negras foi o dobro do registrado entre brancas. O resultado foi divulgado ontem, no Dia Nacional da Consciência Negra. A Unicef alerta que o abismo racial evidenciado desde a infância estenderá o racismo às gerações futuras.
O levantamento mostrou também que as crianças negras começam a trabalhar mais cedo e estão em pior situação na escola e no mercado de trabalho. A oficial de projetos da Unicef, Helena Oliveira Silva, afirmou que 65% dos 2,6 milhões de adolescentes de 10 a 15 anos trabalhando no Brasil são negros.
De acordo com o Unicef, 400 mil meninas trabalham como domésticas. Dessas, 98% são negras.
O presidente da Frente Parlamentar em Defesa da Igualdade Racial da Câmara, deputado Luiz Alberto (PT-BA), explica que a estatística sobre a morte das crianças negras é só uma derivação de outros fatores de exclusão. Luiz Alberto observa que a situação dos mais jovens e das mulheres negras não melhorou no Brasil desde as primeiras manifestações da ação afirmativa, no início da década de 70.
O parlamentar acredita que, além do investimento na educação da população negra, é preciso ampliar a política de cotas também para o mercado de trabalho, pois muitas vezes o próprio empregador é racista ao selecionar mão-de-obra.
- É preciso quebrar paradigmas, certos mecanismos invisíveis que funcionam para excluir a população negra - afirmou Luiz Alberto.
Por Josie Jeronimo
http://pfdc.pgr.mpf.gov.br/clipping/2006/violencia-contra-criancas-negras-e-maior